Acompanho o Círculo de Poemas desde a primeira caixinha, em janeiro de 2022, quando chegaram aqui Dia garimpo, de Julieta Bárbara, e a plaquete Macala, de Luciany Aparecida. Naquele ponto ainda não era possível entender qual seria a abrangência da coleção, mas a poesia forte de duas autoras tão distantes em termos geracionais já era um ótimo indício de que não podia me distrair à espera das próximas caixinhas. E, a cada mês, o arco do Círculo foi sendo ampliado e enriquecido pelas vozes tão diversas de autores brasileiros e estrangeiros de diferentes gerações e origens, dando um sentido mais e mais admirável para o nome da coleção.
Já disse por aqui: se, no futuro, alguém quiser saber o que acontecia na poesia (não apenas brasileira) em nossa época, terá nos livros do Círculo de Poemas uma das mostras mais vivas e caprichosas e honestas que poderíamos oferecer. E isso sem se colocar acima – ou tentar excluir e apagar – os outros editores todos que se dedicam à poesia. O Círculo é forte porque se soma a todas essas iniciativas, está sempre aberto a trocar com elas – tem limites, claro, como tudo o mais, mas se expande até onde pode.
Daí que, quando recebi o convite para organizar, com Paulo Ferraz, a poesia reunida de Donizete Galvão para o Círculo de Poemas, a alegria foi imensa, porque ali já era possível saber que estávamos diante da oportunidade de colocar um poeta que amamos (e que calhava de ser um grande amigo que foi embora cedo) num dos catálogos mais bonitos que já vimos.
Depois vieram a proposta para reunir a poesia de Duda Machado – um gigante que vive quietinho em Belo Horizonte e que, toda vez que sentou para escrever um poema, fez um pequeno colosso – e também o nascimento do Clube de Leitura, cuja mediação tenho a honra de dividir com a Zilmara Pimentel (sabe essas pessoas que parecem ser suas amigas desde sempre? a Zil é assim!). Com tudo isso, e a cada mês admirando mais o que chegava nas caixinhas, eu já andava por aí todo feliz de fazer parte dessa roda incrível e poder ajudar Leo, Marília, Rita e a equipe da Fósforo.
E não é que tinha mais alegria pela frente? Depois de 24 livros e 24 plaquetes (na foto acima só falta o livro de dezembro, Abrir a boca da cobra, da Sofia Mariutti, que está na gráfica), depois de dar cara e caminho para a coleção, Leo e Marília me passam agora o bastão para organizar e editar os livros do Círculo de Poemas, integrando a equipe maravilhosa da Fósforo. Não canso de repetir que me sinto dividido diante dessa situação: de um lado, é ótimo e confortável andar aqui depois que eles pavimentaram tudo; de outro, sei do imenso desafio que é manter o nível que eles atingiram.
Vamos trabalhar por muito por isso!
A tarefa é grandiosa em todos os sentidos, mas a honra de poder dar continuidade à trajetória dessa coleção compensa reorganizar a vida para me dedicar ao máximo a cada um dos novos livros e das novas plaquetes, construir outras pontes a partir do Círculo de Poemas e, claro, manter vivas por aí todas as publicações anteriores. E 2024 vai começar justamente com a poesia do Duda Machado, que organizei e editei com o Leo Gandolfi.
Muito obrigado ao Leo e à Marília por terem feito tanto e tão bonito, por terem me acolhido no Círculo e por todo o apoio nessa transição – seguiremos juntos. Muito obrigado também à Rita e a toda a equipe da Fósforo pela confiança e acolhida. É isso: fiquem por perto, entrem no Círculo, circulem com a gente, que vem muita coisa boa por aí. :)
E já podem anotar: o próximo encontro do Clube de Leitura do Círculo de Poemas, na casinha da rua Tinhorão, 60, São Paulo, será no dia 14 de dezembro, às 19h. E os livros escolhidos foram A água é uma máquina do tempo, da Aline Motta, e Instruções para morder a palavra pássaro, da Assionara Souza. Alguém duvida que fecharemos o ano em grande estilo?
É provável que, para me dedicar mais ao Círculo de Poemas, as publicações aqui se tornem um tanto esporádicas, mas estaremos juntos noutros canais.
Muito obrigado por ler e, se possível, ajudar a divulgar esta newsletter!
Parabéns, Tarso!